segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Questões Fracturantes

"Criticado à esquerda pelas suas políticas económicas e financeiras ortodoxas, restam as questões fracturantes para o Governo e o PS tentarem demarcar-se da direita. Se o PS ganhar de novo as eleições, provavelmente virão o casamento homossexual, a adopção de crianças por gays e lésbicas, etc.
Será bom que, antes da votação, o PS diga claramente o que pretende fazer nestas áreas. É que, para logro, já basta o aborto, em que enganaram os portugueses com uma alegada despenalização, quando afinal veio não só uma liberalização, como uma empenhada promoção do aborto.
Mas os esforços governamentais parecem não estar a atingir os seus objectivos: o número de abortos voluntários nos hospitais públicos encontra-se a pouco mais de metade das previsões oficiais. Uma das mais baixas taxas do mundo, um caso excepcional, segundo o coordenador do Programa Nacional de Saúde Reprodutiva (Francisco Sarsfield Cabral in Diário de Notícias, 29.11.07)."

"Nos cerca de seis meses em que vigora a lei da discriminalização do aborto até às dez semanas há mulheres que já fizeram duas interrupções voluntárias da gravidez (IVG). A Direcção-Geral da Saúde diz que são casos esporádicos. O coordenador do Programa Nacional de Saúde Reprodutiva, Jorge Branco, tem conhecimento de repetições de abortos em alguns serviços desde a entrada em vigor da lei. Muitas mulheres faltam às consultas de planeamento familiar que lhes são marcadas (Catarina Gomes in Público, 11.02.08)."

Vamos ao cinema! Está fechado!? Bora lá fazer um aborto.

10 comentários:

Anônimo disse...

Primeiro é preciso emprenhar, se faz favor.

Dita disse...

Não banalizar o aborto sff

Anônimo disse...

Precisamente por serem «questões fracturantes» é que é urgente trazê-las a debate e, independentemente das conclusões a que se possam chegar, pensar nas questões e discuti-las é já um passo em frente para deixarmos de estar encostados à sombra de um comodismo que se adivinha doente. Doente porquê? Porque estas questões hão-de ser sempre «fracturantes» enquanto não nos dermos ao trabalho de reflectir sobre elas e de procurar compreender, verdadeiramente, o seu sentido – como é possível que uma sociedade seja sã (e se salve) quando deixa de ver antes mesmo de fechar os olhos? O grave aqui não é o não ver, é o não ver sem antes se tentar que essa «cegueira seja curada».
Mais do que estratégia enquanto campanha eleitoral ou mais do que questões de direita ou de esquerda, discutir estes assuntos é absolutamente necessário pois está na altura de perceber, admitir e respeitar o facto de que a nossa realidade é feita de pessoas diferentes, cujas escolhas diferem nos mais diversos campos da vida, sendo urgente criar condições para que essas escolhas, em todas as áreas, não ponham em causa as escolhas dos outros.

Artigo 13.º
(Princípio da igualdade)
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.


Assim sendo, o casamento civil entre homossexuais parece-me uma questão que já devia estar regularizada há muito tempo. “Em que é que os deveres de casais homossexuais são diferentes dos de casais heterossexuais? Na possibilidade de reprodução? O Estado não nega o casamento civil a casais em que um ou os dois cônjuges sejam estéreis, não pede um comprovativo de tratamento da infertilidade, não exige a procriação num determinado prazo sob pena de dissolução da união, não impede o matrimónio civil a pessoas da terceira idade (com poucas ou nenhumas hipóteses de procriação) e até admite o casamento em casos em que um dos cônjuges corra risco de vida, não dissolvendo o matrimónio civil se, entretanto, o dito membro do casal morrer.” (http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1294283)

A questão da adopção, que suscita ainda mais divergências, deixa de fazer sentido quando percebermos que a orientação sexual não determina nem influencia a capacidade de ser-se ou não um bom pai ou mãe. Quantos são os casais heterossexuais que demonstram não ter mínima vocação para ser pais? No entanto é-lhes concedida essa oportunidade, quer pela natureza, quer pela lei. Fará sentido crianças abandonadas, por vezes negligenciadas, continuarem sem família quando há, de facto, casais com vontade de ser pais?
Quanto à questão do aborto estava na hora de deixar de ser hipócrita. Independentemente de o aborto ter sido despenalizado ou não, este ia continuar a existir na clandestinidade, portanto o que importava aqui não era a defesa e luta pelo «direito à vida», o que importava era penalizar mulheres que estavam a fazer uma escolha que lhes diz respeito apenas a si.
Liberalização? Não. A realização da IVG tem de obedecer a certos parâmetros – não se é livre de interromper a gravidez quando se quer e como se quer.
Quanto às repetições de abortos, estes possivelmente existiriam na clandestinidade, por isso há que ser claro naquilo que queremos focar quando se menciona «repetições de abortos». Quanto ao facto de as mulheres faltarem às consultas de planeamento familiar acho preocupante, mas são-lhes dadas oportunidades para pensar e reflectir na escolha à qual têm direito. Não podemos obrigá-las a frequentar as consultas, isso vinha invalidar aquilo por que se tem lutado – a liberdade de escolha.

Inês_rocks! disse...

Tema controverso este... e muito delicado, principalmente para as mulheres, que afinal de contas são as que carregam o feto no útero durante meses e a quem cabe sempre a última e derradeira decisão... trazer ou não mais um ser humano cá para fora... A injusta natureza humana pressupôs que fossem aa mulheres o recipiente dos seres humanos, carregando consigo todas as consequências que tal acarreta... Ninguém mais que uma mulher sabe o que custa suportar aqueles meses, e ter que escolher, que optar... já que acaba sempre por haver uma ligação forte com o feto... Daí ser da opiniao que o aborto é um tema que devia ser discutido sobretudo entre o sexo feminino. Com isto digo que as mulheres que já praticaram o aborto são sem dúvida as mulheres mais corajosas deste mundo, e acho escandaloso que pessoas, muitas vezes homens, as critiquem de forma distante e arrogante, por simplesmente terem posto fim a uma vida. O que sabem essas pessoas que estão de fora, do sofrimento por que essas mulheres passaram? Nada. Simplesmente, nada.
Para finalizar, quero dizer que sou inteiramente a favor da prática do aborto quando a mulher foi alvo de violação, de qualquer prática sexual contra a sua vontade.

Dita disse...

"Com isto digo que as mulheres que já praticaram o aborto são sem dúvida as mulheres mais corajosas deste mundo" e as que tiveram o filho? são a menos corajosas do mundo inteiro?

"por simplesmente terem posto fim a uma vida" POR SIMPLESMENTE terem posto fim a uma vida!!!!!!

Sem duvida que estes não foram os melhores argumentos!

Ao contrario da Raquel, que já tivemos uma discussão e ela sabe qual é a minha opinião, mas não deixo de admirar a sua capacidade de argumentação!

Inês_rocks! disse...

Peço desculpa... mas isto é um concurso de avaliação de argumentos ou supostamente é para dar a nossa opinião? Senão houve aqui um pequeno equívoco...

Anônimo disse...

Quem opina quer comprar!!!

Anônimo disse...

Percebo o que a Inês quis dizer. Não concordo que seja uma questão de coragem ou falta dela, quer se opte por ter ou não um filho. Infelizmente nem todas as mulheres estão conscientes do que estão a fazer e fazem-no com uma «leveza» assustadora. Mas é uma escolha sua, nã nos cabe a nós, nem à lei, avaliar a consciência das pessoas. Porque também são muitas as mulhores que trazem ao mundo crianças que vão viver em condições desumanas e num sofrimento constante.
«Morcela», apesar das divergências nas opiniões tb gostei daquela nossa discussão!

Anônimo disse...

E há troca de mimos entre as facções adversárias...

Anônimo disse...

O NECPRI é contra o aborto? Onde é que está a liberdade das mulheres?