sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

DAVOS 2008

O Fórum Económico Mundial, que organiza no final deste mês a Cimeira de Davos, publicou ontem o seu relatório anual (Global Risks 2008), no qual um painel de analistas prevê quatro ameaças a curto prazo:
- a crise do subprime aliada à possibilidade de uma recessão dos mercados financeiros mundiais;
- a crise energética;
- a ruptura das cadeias de aprovisionamento;
- a insegurança alimentar.

Mais do que promover interesses, parece que este ano os «Barões» da economia internacional decidiram promover estabilidade. Com efeito, urge convidar os principais decisores mundiais a tomarem as medidas de prevenção necessárias para evitar as piores catástrofes.

Contudo, após ter percorrido o relatório, veio-me à memória um pequeno texto de A. C. Grayling, professor de Filosofia no Birkbeck College da Universidade de Londres. Embora alheias ao tema que aqui nos traz, creio que as palavras deste académico deveriam ser lidas pelos «Senhores» de Davos: o argumento de que o consumo não constitui opressão – que os consumidores são felizes, que o consumo confere satisfação e dá sentido à vida – é extremamente robusto. Mas é difícil não deixar de pensar que, se a felicidade é o que interessa, seria possível alcançar o mesmo grau de felicidade mais rápida e economicamente colocando uma droga adequada nas reservas aquíferas. E deixa de fora uma questão tão familiar que se tornou há muito o lugar-comum dos lugares-comuns: de todas as coisas que vale a pena ter na vida – nomeadamente gentileza, sabedoria e afectos humanos – nenhuma se encontra à venda nos centros comerciais do mundo (GRAYLING, A. C., O Significado das Coisas, Lisboa, Gradiva, 2002, p. 178).


(CLICAR NA IMAGEM PARA ACEDER AO RELATÓRIO)

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